domingo, 1 de junho de 2014

PODE SER HOJE!



Seria um dia como qualquer outro não fosse aquela carruagem na porta da minha casa. Um dia normal, em que o cansaço do trabalho me faria pensar duas vezes antes de levantar do sofá para atender a campainha. Mais um dia de batalhas, corrida contra o tempo para entregar alguns relatórios, atrasos devido ao transito.
Mas a campainha tocou e eu, embora cansado, resolvi atender.
Na porta, se apresentou um homem muito bem vestido, com uma carta nas mãos. Mas o que me intrigou mesmo foi ver uma carruagem parada em frente à garagem.
Pensei que talvez fosse uma pegadinha, uma peça sendo pregada por algum amigo, mas o homem falou muito sério: “O Rei pediu que lhe entregasse”.
Rei?”, pensei eu, “Que rei?”, mas nada disse.
Comecei a ler a carta, ainda achando que se tratava de alguma brincadeira.
O Rei está aguardando que o senhor o convide para entrar pois há muitas coisas que Ele pretende conversar com o senhor. Coisas do seu interesse”.
Embora continuasse intrigado com esse negócio de “Rei”, a seriedade do homem à porta e a majestosa carruagem estacionada em frente de casa me levaram a considerar que aquilo não era uma brincadeira. Imediatamente, pensei que talvez meus tributos estivessem sendo cobrados. Afinal, eram tantas as minhas dívidas que isso me trouxe o medo de sair dali preso, encarceirado.
Mas logo em seguida li uma curiosa afirmação na carta: “O Rei informa que não veio para cobrar suas dívidas nem para executar nenhuma pena nesse momento. Na verdade, se o senhor aceitar, Ele já pagou tudo o que o senhor devia”.
Aquilo era realmente muito estranho. Ouvir que se eu aceitasse minhas dívidas estavam pagas me deixou desconfiado. O que esse tal “Rei” poderia desejar de mim?
Fiquei um tanto ressabiado, principalmente quando li o que vinha a seguir: “Se o senhor consentir com a Sua entrada, o Rei pretende sentar à mesa com o senhor para cearem”.
Mas que negócio era esse? Entrar em minha casa? Estava tudo bagunçado, fora do lugar. Tinha esquecido de retirar o lixo e limpar o quarto. Havia muita sujeira.
Como eu poderia sentar à mesa com um rei? Não havia tomado banho ainda e nem tinha uma roupa chique para recepcioná-lo.
E o que eu ofereceria para um rei? A geladeira estava vazia. Na realidade, o mês havia sido maior que o meu salário e não havia quase nada para comer.
Mas a carta parecia ler os meus pensamentos, já que continuava: “O Rei não se importa com a forma como o senhor está vestido, tampouco com o estado de limpeza e conservação da própria casa. Receba-O do jeito que está.”
Na verdade, o próprio Rei quer lhe oferecer um banquete, abastecer sua despensa, limpar a sua casa, lhe dar banho e lhe vestir. Para isso, Ele lhe trouxe roupas de linho puro”.
O convite era estranho, inusual. Nada parecia fazer sentido. Como assim, um rei me lavando, limpando a minha casa e me preparando um banquete para cearmos juntos? Um rei deve ser servido, não servir... principalmente alguém como eu.
Mas ao mesmo tempo ter toda essa experiência era algo tentador. Por que não?
Resolvi aceitar e então vi o Rei, com toda sua majestade e poder, entrando na minha humilde e indigna casa. Com vergonha e timidez, mas com uma vontade que aumentava cada vez mais de estar na companhia de alguém que até então residia somente na distância da minha imaginação.
O Rei entrou.
Com paciência e sensibilidade ímpar, o Rei me despiu. Percebeu algumas feridas ainda não cicatrizadas e as limpou, aliviando minhas dores. Lavou-me, retirando sujeira que há décadas estava impregnada em meu corpo. Depois, me vestiu com uma roupa limpa, digna de alguém que poderia estar na Sua presença. Me calçou e colocou um anel no meu dedo.
Quanto à casa, os móveis foram arrastados para que todo o lixo pudesse ser recolhido. Os chãos foram lavados e encerados. As coisas foram recolocadas no lugar. A lâmpada, que estava queimada, reacendeu.
A despensa e a geladeira foram reabastecidas. E havia tanto alimento, que eu era capaz de distribuir a todos os meus vizinhos sem que me faltasse nada em tempo algum.
Então, ceamos.
À mesa, Ele sorriu de forma doce e eu senti paz... uma paz que há muito tempo não sentia. Começou a falar sobre mim e sobre planos, muitos planos.
Narrou minha vida em detalhes, mas sem acusações. Seu olhar era misericordioso e Sua mão estava estendida, permitindo que eu visse algumas marcas profundas, as quais, sabia eu, tinham sido adquiridas por minha causa. Mas Ele não me denunciou.
Por fim, me deu uma outra carta e eu nem precisei abrir para saber do que se tratava. Meu coração dizia que era a minha alforria, a minha libertação. E de fato nela estava escrito: VOCÊ ESTÁ LIVRE!
Pode parecer loucura. Pode parecer imaginação fértil, um sonho. Mas era verdade. Talvez não com todo esse cenário. Talvez não nessa exata sequência. Mas foi tudo verdade.
Ao final do dia de hoje, preste atenção. Quem sabe seus pensamentos e suas preocupações não estejam te impedindo de ouvir o barulho da campainha, de escutar alguém batendo à porta. Quem sabe há muito tempo o Rei não está aguardando:
Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.
Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono.

Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (Apocalipse 3:20-22)

2 comentários:

  1. Dr. Marcelo.

    Já faz muito tempo que não nos vemos, quase 10 anos. Contudo guardei muito apreço pela sua pessoa e pelo exemplo de conduta como magistrado. Agora, muito me alegra em ter o privilégio de chama-lo de irmão em Cristo.
    Conheci este Blog por acaso, através de um colega seu e nosso irmão Dr. Francisco Milton e, somente hoje, identifiquei este lindo espaço de mensagens como sendo de vossa pessoa.
    Que o Santo Espírito de Deus continue a iluminar seu coração, lhe concedendo a unção para trazer sempre a luz da verdade do Evangelho a todos que necessitam.
    Que Deus em Cristo lhe abençoe sempre e lhe conceda Vitória, Paz e Alegria no Senhor.
    Ass. Elielton Alencar - Macapá/AP
    Secretário de Audiências :-)

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    1. Saudades, Elielton. Que você também seja inundado cada vez mais pela paz de Deus e que Ele derrame sobre sua vida toda sorte de bênçãos.

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