sábado, 28 de setembro de 2013

PREPARE-SE PARA A MUDANÇA!

Marcelo Luís de Souza Ferreira


Vamos observar.
Cada um de nós nasce com algumas características que nos são próprias, inconfundíveis e nos diferem de qualquer outro ser humano. Muito além das peculiaridades físicas, cada um traz dentro de si características que o tornam único e que o diferenciarão dos outros ao longo da vida. Cada pessoa nasce com determinados dons, talentos, assim como com um ponto de vista único e uma forma única de se relacionar com os acontecimentos da vida. É o início da personalidade individual.
Mas esse é só um início, não é verdade? Serão as circunstâncias da vida que vão desenvolvendo essa personalidade ao longo dos anos. Os dons inatos poderão ser desenvolvidos ou não dependendo do incentivo que a pessoa recebe ou não no ambiente em que vive e as características de cada ser vão sendo forjadas diante das situações que a pessoa passa ao longo da vida.
Assim, a criança que trazia em si a facilidade de se expressar e se relacionar com outras pessoas pode se tornar um adulto introvertido, tímido e antissocial dependendo do relacionamento que desenvolveu com os seus pais, irmãos, primos e amigos.
Uma pessoa animada e cheia de vida pode se tornar pessimista e infeliz em função de um relacionamento amoroso frustrado.
Alguém pode se fechar para novas amizades em decorrência da decepção com antigos amigos.
E uma pessoa otimista e solidária acaba se tornando egoísta e desconfiada por ter sido prejudicada de alguma forma por alguém em quem confiava.
O ambiente em que vivemos e as relações pessoais que desenvolvemos vão preenchendo aquele espaço interno inicial, formando nossa personalidade atual. Dessa forma, somos o que somos hoje em função de tudo o que vivemos até aqui, de todas as experiências, positivas e negativas, que a vida nos deu.
Assim somos eu e você, e não conseguimos nos ver de outra forma, já que a nossa visão se restringe às experiências que já tivemos. É natural, portanto, não admitirmos a possibilidade de mudar quando olhamos para dentro de nós, o que nos leva a buscar que as outras coisas e pessoas se adaptem ao nosso jeito de ser.
Buscamos amigos que tenham os mesmos gostos, a mesma linha de pensamento, a mesma visão de mundo e o mesmo nível social. Frequentamos lugares que se adequem àquilo que nos tornamos ao longo do tempo. Geramos expectativas em nossos relacionamentos pessoais com base naquilo que somos e no que já vivemos, desejando sempre que o outro se adeque ao nosso jeito de ser. E, por fim, quando pensamos em Deus buscamos um ser que nos compreenda, atenda à nossa necessidade e não interfira naquilo que já somos, motivo pelo qual mudamos tanto de religião, buscamos tantas igrejas e pesquisamos tantas seitas... estamos atrás de um Deus que nos sirva, da maneira como somos.
Em suma, somos o que somos hoje e certamente muitos dirão que não há mais como mudar nosso jeito de ser.
De fato, se olharmos para nossas próprias forças e o modo como simplesmente reagimos às circunstâncias da vida, somos forçados a crer que não temos condições de mudar nossa personalidade, de deixar de agir como agimos, de alterar nossos pensamentos e de modificar nossa conduta. Por nossos próprios esforços, realmente não somos capazes de implementar mudanças substanciais em nossas vidas.
Daí a dificuldade tremenda em ampliar nossos círculos de amizade, modificar nossos hábitos alimentares tão maléficos, encontrar mais tempo para as coisas que sabemos importantes e necessárias para as nossas vidas, deixar de comprar coisas desnecessárias, fazer aquele regime que a nossa saúde tanto pede, deixar de se endividar... Afinal, somos o que somos e não mudaremos mais, não é?
Não. Não é isso o que Deus nos propõe. Muito pelo contrário. A proposta de Deus para nossas vidas é justamente deixarmos de ser o que somos hoje, depois de tantos anos de experiências negativas, e passarmos a ser aquilo que deveríamos ser, aquilo para o que Ele nos destinou desde o princípio e que as situações da vida nos impediram de perceber.
Essa é a proposta que Deus nos faz quando, após anos e anos de sofrimento e instabilidade, nos encontramos com Ele e reconhecemos a nossa fraqueza e a impossibilidade de controlarmos nossas próprias vidas.
A Bíblia é repleta de relatos que demonstram que no encontro com Deus sempre nos é proposta uma mudança radical, para a qual precisamos estar no mínimo dispostos, pois do contrário a caminhada com Ele não será possível.
Deus não se adapta a nós! Nós é que devemos nos adaptar ao projeto Dele para nossas vidas e isso implica deixar de ser o que somos.
Um primeiro exemplo é visto na relação de Deus com Abraão. O encontro entre ambos se inicia com uma ordem de Deus: “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei o nome. Sê tu uma bênção!” (Gn 12. 1-2).
Já Moisés, aos 80 anos de idade, foragido do Egito e apascentador de ovelhas, também recebeu uma ordem de mudança quando encontrou Deus: “Vem, agora, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito” (Ex 3. 10).
E o que dizer de Gideão? Oprimido e acuado, com medo dos midianitas, o Anjo do Senhor lhe apareceu dizendo “O SENHOR é contigo, homem valente” (Ju 6. 11) e a partir de então Gideão foi levantado por Deus como líder do povo de Israel para a sua libertação.
Desses três personagens bíblicos podemos extrair valiosas lições para as nossas vidas.
A primeira é a de que Deus tem um plano para cada um. Esse plano é grandioso e nossos olhos humanos não conseguem enxergar além das nossas atuais fraquezas para vislumbrá-lo.
A segunda é a de que Deus é soberano. Seu plano se cumprirá independente da nossa vontade. Ou seja, devemos aceitar que Deus não se adaptará a nós, mas nós é que devemos nos adaptar a Ele.
A terceira lição é a de que Deus não nos vê como nós nos vemos. Ele enxerga muito além das nossas fraquezas e deficiências.
Abrão jamais imaginaria que Dele surgiria uma grande nação.
Moisés, humilhado no deserto depois de ter vivido como príncipe no Egito, também não conseguiria se ver como aquele que libertaria o povo de Deus da escravidão no Egito e o conduziria, num relacionamento de extrema proximidade com o Senhor, até a terra preparada por Deus para uma vida próspera ao Seu povo.
E Gideão, que malhava o trigo escondido, com medo de ser tomado pelos midianitas, jamais imaginaria que com um exército de apenas trezentos homens despreparados para a guerra venceria o povo opressor.
Mas Deus sabia. Deus via Abraão como o patriarca da nação escolhida. Deus enxergava Moisés como o líder que o povo precisava. Deus tinha Gideão como corajoso e humilde o suficiente para que através dele se fizesse a libertação do povo hebreu.
A quarta lição, e talvez mais importante, é a de que a mudança necessária não será feita por cada um de nós, mas pelo próprio Deus. É Ele que vai nos libertar daquilo que nos escraviza, daquilo que nos impede de ir adiante e de sermos felizes e realizados. É Ele quem vai dar o sentido às nossas vidas e nos capacitar para que sejamos aquilo para o que fomos destinados.
Portanto, para a nossa mudança a única coisa que devemos fazer é abrir o espaço para a ação de Deus.
Ao cristão, essa mudança é necessária e inevitável.
Cristo, em sua passagem pelo mundo, fez questão de destacar que “Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” e que “quem não nascer da água e do Espírito Santo não pode entrar no reino de Deus” (Jo 3. 3-5). Aos seus próprios discípulos, Jesus afirmou que haveria a necessidade de conversão, ou seja, do novo nascimento (Lc 22. 31-32), e somente quando renascidos no Espírito Santo (At 2) seus apóstolos tiveram condições de espalhar o evangelho pelo mundo, com destemor e poder jamais imaginados.
Foi o segundo nascimento que transformou Zaqueu e lhe deu salvação (Lc 19), que modificou toda a trajetória de vida do apóstolo Paulo (At 9) e o tornou um dos maiores evangelistas de todo o tempo, que trouxe visão ao cego de Jericó (Mc 10. 46-52).
Também Jesus esclareceu que “ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho romperá os odres; e tanto se perde o vinho como os odres. Mas põe-se vinho novo em odres novos” (Mc 2. 22), deixando claro que sem mudança e sem novo nascimento, agora pelo Espírito Santo, não haveria salvação.
É certo que nem todos os que ouviram essa lição a aceitaram. A própria Bíblia nos leva a crer que tanto Nicodemos, a quem Jesus informou a necessidade do nascer de novo, quanto o jovem rico que o procurou para saber como entrar no reino dos céus não teriam aceito esse ensinamento, ao mesmo tempo em que nos explica que o novo nascimento é impossível ao homem, por suas próprias forças, sendo obra exclusiva da vontade soberana de Deus.
Deus pode mudar as nossas vidas. Deus pode nos fazer melhores do que somos hoje. Deus pode nos trazer a paz que tanto buscamos. Basta aceitar Jesus.
E Aceitar Jesus significa admitir-se pecador, falho e fraco. Significa aceitar a necessidade de uma mudança drástica e substancial em sua própria vida. Significa desejar que Deus abale as suas estruturas, refaça o seu ser, crie para você uma nova personalidade e o conduza para o projeto que Ele preparou exclusivamente para você.
Se esse desejo já despontou em seu coração, ore incessantemente para que Deus, em sua misericórdia, transforme o seu ser e o faça renascer da maneira que convier ao Pai. Se não, ore também, incessantemente, para que Deus tenha a piedade e o amor de revelar-lhe essa necessidade.
Ore...e observe Deus realizando em você mais um milagre de vida!

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

DEUS NÃO GOSTA DE INVESTIGADOR!

Pr. Daniel Marcio Ferreira Neves



“Deus continuou: Não te chegues para cá, tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que estás é terra santa.”(Êxodo 3:5)






A historia bíblica deixa muito claro que Deus se dá ao direito de guardar seus mistérios somente com Ele. Ele revela os seus mistérios quando quer e com quem quer!
Não existe teoria cientifica que consiga chegar ao conhecimento da verdade, sem que se submeta a revelação de Deus. Todo homem precisa abrir mão da autoconfiança, de confiar em seu intelecto e em seu poder de raciocínio, para entender as verdades de Deus.
Todo homem que não se sujeitar a revelação divina, e de modo humilde e reverente reconhecer a sua pequenez, não obterá a resposta procurada e viverá insatisfeito por toda a vida.
Em Col 2:26 o apostolo Paulo afirma: “ O mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações, agora todavia, se manifestou aos seus santos.”
O quadro de Moisés diante da sarça ardente relatado em Exodo 3:3, mostra claramente esse fato, pois Moisés disse consigo mesmo: “Irei lá e verei essa grande maravilha, porque a sarça não se consumia “. Deus então adverte você não fará investigações nesse lugar, mas prestará culto com reverencia e temor. “Eu sou o Deus do teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó (Êxodo 3:6)
O mesmo acontece quando Nicodemus um dos principais dos Judeus, quer investigar a pessoa de Jesus em João 3:1-2, ele procura chegar até elogiando, mas Jesus prontamente lhe afirma: Em verdade, em verdade te digo se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
Vemos diante desses relatos que Deus não aceita ser objeto de investigação ou pesquisa, pois todo aquele que desejar conhecer a Deus, sua verdade e seus mistérios, só conseguirá com humildade e reverencia.
Deus só fala da sua intimidade, seus mistérios e sua verdade com os que lhe são chegados.
Vejamos o que o rei Davi afirma em Salmo 25:14: A intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança.
E Jesus em Marcos 4:11-12 diz de modo muito claro também: A vós outros, vos é dado o mistério do reino de Deus, mas aos de fora tudo se ensina por meio de parábolas, para que vendo, vejam e não percebam, e ouvindo, ouçam e não entendam, para que não venham a converter-se e haja perdão para eles.
Deus não dá informação aos investigadores e sim aos estudantes! 

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O PREÇO DA DESOBEDIÊNCIA

Marcelo Luís de Souza Ferreira

O que pensamos de Deus? Quem é esse ser e o que Ele pretende de nós? Que tipo de relação desenvolvemos com Deus e que imagem fazemos Dele em nossas mentes?
A religião tem contribuído para que a maioria de nós tenha a ideia de um Deus poderoso, porém distante de nossos problemas e aflições. Um Deus que permanece sentado em seu longínquo e inacessível trono, se divertindo com a criação de normas rígidas e padrões de conduta inatingíveis aos seres humanos. Um Deus irado e de certa forma sádico, que sente prazer em castigar, em punir.
Talvez esse seja o grande mal da religião em todo tempo, desde os primórdios: distorcer a figura de Deus e impedir que as pessoas compreendam o plano que Ele tem para cada um. Afinal, é dada muita ênfase às leis, à caracterização do pecado e à eterna punição divina e quase nenhuma explicação da razão de tantas normas e de sua rigidez, reforçando-se a falsa ideia de um Deus ditador.
A Bíblia, no entanto, dá todas as ferramentas que necessitamos para conhecer Deus e entender o seu objetivo e a sua relação com a humanidade. Basta estar disposto a enxergar, pela Sua palavra, o maravilhoso plano de Deus para o homem.
No Gênesis, percebemos que Deus criou o mundo como um sistema de perfeita harmonia e por amor criou o homem para habitá-lo e dominá-lo, dando-lhe plena liberdade. Havia no jardim do Éden a árvore do conhecimento do bem e do mal, tendo Deus advertido o homem a dela não se alimentar, pois no dia em que o fizesse certamente morreria.
Notem que esse conhecimento não foi ocultado do homem, nem seu fruto foi colocado em lugar inatingível, havendo apenas uma ordem – que mais soava como uma advertência – de que o homem não deveria dele se alimentar pois suas consequências seriam drásticas. Deus não escondeu a árvore, não dificultou o acesso do homem ao seu fruto nem omitiu as consequências que o conhecimento do bem e do mal traria ao homem, ou seja, Deus deu ao homem a liberdade da escolha – postura totalmente diversa do comportamento ditatorial – entre caminhar com Ele, aprendendo e evoluindo no conhecimento de Deus, e caminhar sozinho, por suas próprias pernas e esforços, numa realidade para a qual o homem ainda não estava pronto.
Não se sabe qual seria a intenção futura de Deus. Talvez a certo ponto dessa caminhada Ele entendesse que o homem já estaria preparado para se alimentar daquele fruto. Talvez... O que sei é que mesmo com toda a nossa limitação, nenhum pai terreno solta a mão de seu filho para que ele atravesse uma movimentada avenida senão depois de muito tempo de vida, de experiência e da certeza de que o filho já sabe atravessar em segurança e não será atropelado.
O Gênesis nos narra que entretanto o homem foi seduzido pela ideia de poder, pela possibilidade de se tornar igual a Deus através do mero conhecimento do bem e do mal. Seduzido pela ideia de não mais depender de Deus segurando em sua mão ao longo da caminhada e lhe dizendo onde pisar com segurança, o homem escolheu se aventurar, soltar a mão de Deus e atravessar uma rodovia rumo a um outro lado que parece jamais chegar.
E o homem pagou o preço pela desobediência.
Perdido no mundo e entregue aos seus próprios prazeres e desejos o homem entrou num processo inconsciente de autodestruição que perdura até os dias atuais, fato que não somente a Bíblia nos narra com riqueza de detalhes, mas que a própria história das civilizações, retratada nos livros que lemos nas escolas durante nossa formação acadêmica, confirma.
Apesar disso, Deus não abandonou o homem. Como forma de propiciar a reconciliação, o restabelecimento da união original, Deus se fez ver no meio do caos criado pela humanidade, tocando no coração de alguns homens e, através deles, mostrando que a caminhada da vida somente seria possível com Aquele que criou a vida.
Àqueles que o aceitaram, Deus acolheu, com todas as imperfeições que possuíam, e os chamou de Seu povo.
No livro do Êxodo, podemos perceber que esse mesmo povo, depois de um tempo vivendo como príncipes no Egito, foi novamente se esquecendo de sua própria natureza e se afastando do Pai. Como consequência, tornou-se escravo.
A escravidão desse povo, somente propiciada pelo abandono da união inicial com Deus, tornou-se tão forte que mesmo já estando fisicamente liberto foram necessários 40 anos de peregrinação pelo deserto para que tivesse condições de entrar e ocupar a terra prometida por Deus.
Esse povo já estava tão perdido, ante a absorção de costumes e valores mundanos, e com uma crise de identidade tão forte que já não sabia o que era bom e o que era mal para ele mesmo – qualquer semelhança com a realidade atual não é mera coincidência. Para que o processo de autodestruição cessasse foi necessário que Deus explicitasse todas as condutas que de alguma forma prejudicariam o homem individual e coletivamente considerado. Foi necessária a lei, trazida naquele momento por Moisés ao povo hebreu.
Foi necessário que Deus dissesse ao seu povo que matar, furtar, mentir e cobiçar o que é do próximo são condutas reprováveis. Foi necessário dizer expressamente que pais e mães devem ser respeitados, que todo trabalhador necessita de ao menos um dia da semana para descanso e que o casamento é algo especial, sagrado e que deve ser respeitado.
Foi preciso lembrar quem é Deus e exigir respeito para com o nome do Criador.
O tratamento precisava ser intensivo. A corrupção do homem, mesmo do povo de Deus, era tamanha que o poder de coerção dessas regras deveria ser o maior possível, as punições pelo descumprimento precisavam ser duras, rígidas e ter o devido efeito pedagógico.
Mas as normas, se bem analisadas, revelam o zelo de Deus para com seu povo. Não são normas destinadas a Lhe conferir prazer, mas a possibilitar a vida do homem em paz consigo mesmo e com a sociedade. Novamente, se traduzem mais como conselhos dados por Quem sabe qual será o fim inevitável de todas as coisas do que especificamente ordens. São placas, indicando o caminho da vida, o caminho do retorno à harmonia e à paz inicial.
Os tempos modernos, vistos sob olhar crítico, demonstram o quanto Deus sempre nos quis bem e como nós sempre incorremos no pecado original de querer usurpar o Seu posto. A cada dia que passa vamos ignorando que as leis nos foram dadas por amor, diante da nossa incapacidade de intuir nosso próprio bem, e, taxando-as de conservadoras e ultrapassadas, riscamos essas orientações dos nossos manuais de instrução.
Matamo-nos cada vez mais e por motivos cada vez mais fúteis, gerando dor e sofrimento.
Mentimos e prejudicamos nossos próximos apenas para satisfazer nossos instintos e nossos desejos.
Cobiçamos e pegamos para nós o que não nos pertence, matando se for preciso.
Exploramos nossos trabalhadores até a morte e em pleno Século 21 nos deparamos com trabalho escravo nas maiores metrópoles.
Esquecemos o valor do casamento e da família. Aliás, fazemos questão de reforçar que nenhuma dessas instituições possui valor. Assim, casamos e descasamos como quem troca de roupa, ou seja, como se o outro fosse um item descartável. Traímos nossos cônjuges e destruímos nossas famílias em nome de um prazer muitas vezes momentâneo, sem a menor preocupação com os traumas, muitas vezes insuperáveis, que nossos atos produzirão nos nossos cônjuges e em nossos filhos.
Os pais e mães não são mais objeto de respeito, de modo que os filhos estão crescendo sem qualquer referência de autoridade. Na verdade, nossa bandeira tem sido contra qualquer tipo de autoridade, pela plena liberdade individual, e com isso estamos gerando adultos que não sabem viver em sociedade, pessoas que não têm o menor respeito pelo próximo.
E nas manchetes de jornais tornam-se cada vez mais comuns as notícias de pais abandonando filhos e filhos matando os próprios pais, numa verdadeira autofagia.
Hoje relativizamos tudo, inclusive a própria vida. E assim continuamos pagando o preço da desobediência.
Talvez precisássemos de normas mais rígidas”, diriam alguns, como se a punição por si só fosse capaz de regenerar o ser humano. Nossos sistemas prisionais que o digam!
Jesus, certa vez questionado sobre os rígidos contornos da lei, respondeu que isso decorria tão somente da dureza do coração dos homens, alertando não ter sido assim desde o princípio (Mt 18. 8). Em outra passagem, quando questionado acerca do dia do descanso, afirmou que “O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” (Mc 2.27). E disse ainda: “Misericórdia quero e não holocaustos” (Mt 9. 13).
Em outras palavras, a lei foi criada por causa dos homens e não os homens por causa da lei.
Por isso, entender a razão de ser da lei e extrair dela seus valores imutáveis e intransigíveis é mais do que simplesmente praticá-la.
Mas para entender a lei é preciso antes conhecer o amor de Deus, confiar Nele e se entregar totalmente à Sua direção. É preciso ter a humildade de reconhecer que como seres em formação, imperfeitos e falíveis em nossos pensamentos e atitudes não temos condições de andar com nossas próprias pernas, mas precisamos dar a mão ao Pai para podermos atravessar essa grande avenida em segurança.
Daí, a obediência passa a ser vista como uma necessidade.
Deixar de pagar o preço da desobediência e passar a colher os frutos da obediência. Essa é a proposta que Deus nos faz!
Mas isso só é possível se absorvermos da lei o seu fundamento, a sua base, como o próprio Jesus nos ensinou: “Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma e com toda a tua mente. Este é o maior e o primeiro mandamento” (Mt 22.36-38).

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

ISSO É OBRIGATÓRIO SABER!

Pr. Daniel Marcio Ferreira Neves



Mas Deus prova seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores”. (Rom 5:8)





Você já sabe por que Deus nos salva?
Pois é... Será que é porque Ele é amor ou porque nós somos bons?
A bíblia, inúmeras vezes, afirma que Deus nos salva por amor ao seu próprio nome. Pode te parecer estranho, mas não tem outra razão pela qual Ele possa se interessar, senão por amor ao Seu próprio nome.
Jesus diz em João 17:6: “Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo”. Já em Apocalipse 2:3 diz: “Tens perseverado e suportado provas por causa do meu nome e não te deixastes esmorecer”.
Deus zela pelo Seu nome e não consente jamais que seja ultrajado, envergonhado ou usado de forma inconveniente.
Não existe nada na humanidade que possa merecer a salvação ou que recomende ser objeto de misericórdia. O único motivo é o coração de Deus que determina a forma e quem será salvo.
Alguém pode pensar: Deus me salvará porque sou honesto. Outro pode entender: “porque sou talentoso!”. Mas o que posso te afirmar é que nada disso interfere, pois esses pensamentos, aos olhos de Deus, são soberba, arrogância e idiotice. Nosso talento é menor que o do anjo caído que esteve diante do trono de Deus, e por ser presunçoso foi lançado para sempre no abismo insondável.
Deus nos salvou por amor à Sua própria natureza e a Seus atributos eternos! Nisso fomos incluídos, por Cristo, à pessoa de Deus, sendo recebidos em Sua família.
É verdade que Deus manifestou o Seu poder na criação do sol, lua, estrelas e todos os seres viventes. Mas Ele selou publicamente com graça e amor eterno quando na redenção do seu povo. Em Jeremias 31:3- Deus afirma: “Com amor eterno eu te amei, por isso com benignidade te atrai”.
Aqui Deus apresenta a plataforma de salvação dos Seus filhos. Escolhe para si os piores pecadores: os indignos. Pega a escória da humanidade e a transforma em filhos. Esses são aqueles que irão amá-lo, serão fiéis ao Seu santo nome e O considerarão semelhante à uma doce música e O valorizarão mais que o ouro fino.
Spurgeon, quando falou da graça salvifica, definiu assim: “Deus colocou todos os homens no mesmo nível quanto à salvação, mas estabeleceu uma regra que todos terão que professar e reconhecer: Deus é Supremo, Soberano e Dono da eternidade. Ninguém será admitido por status, título, fama, nem serviços prestados.Mas serão admitidos somente os humildes, arrependidos e amantes da Sua palavra”.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

LEVE A MENSAGEM

Marcelo Luís de Souza Ferreira


Uma viagem pelo mundo num navio de cruzeiro. Que sonho!
Formamos um grupo de trinta pessoas amigas: alguns casais numa segunda lua-de mel, algumas famílias com crianças, algumas pessoas de mais idade, alguns solteiros.
Compramos a passagem por um peço muito baixo, uma pechincha, e com grande alegria nosso grupo embarcou naquele navio com outras cinco mil pessoas desconhecidas.
Algumas dessas outras pessoas eram bem divertidas, outras carrancudas e mal-humoradas. Havia algumas crianças bem chatas, pessoas muito chiques e gente muito simples também, que reuniu tudo o que tinha de recurso financeiro para realizar esse sonho.
Na acomodação, alguns ficaram instalados em suítes muito luxuosas, alguns em suítes básicas, mas todos estavam no mesmo navio.
Havia piscinas, shows, atividades em grupo. É certo que nem todos participavam da viagem com o mesmo entusiasmo. Houve quem aproveitava de tudo, mas houve também quem passou a viagem inteira com enjoos, se arrependendo do dia em que decidiram entrar nessa aventura – muitos não por vontade própria, esclareça-se.
Até fizemos algumas amizades fora do nosso grupo, mas a verdade é que ainda estávamos entre cinco mil desconhecidos no meio da viagem. Afinal, havia tanto por aproveitar dentro do navio e tanta paisagem linda para ver que o tempo realmente era muito curto.
Então, surgiu um grande problema.
Era noite e enquanto alguns aproveitavam a apresentação de um grupo de danças típicas no salão principal iniciou-se um incêndio de grandes proporções no porão do navio, que se alastrou rapidamente ao atingir determinado material de alta combustão.
O fogo passa a consumir tudo o que vê pela frente. Estamos diante do inevitável: o navio não resistirá e em poucas horas terá naufragado.
O aviso chega aos passageiros, que se desesperam. Gritam, correm, pulam uns sobre os outros, empurram-se mutuamente na tentativa de subir ao convés, ainda que saibam que mesmo lá serão atingidos.
E o fogo segue consumindo tanto as dependências do navio quanto alguns incautos que correram em sua direção ao invés de fugir.
Nesse cenário, você, que faz parte desse nosso grupo de amigos, descobre uma placa indicando que em um lugar seguro do navio estão guardados coletes e botes salva-vidas suficientes para todos os que ainda não foram consumidos.
Parece loucura, mas no desespero e na correria ninguém havia parado para ler as instruções dessa placa, que a todo tempo estava ali e por algum motivo chamou a sua atenção naquele exato momento.
Ao ler essa placa, a sensação de alívio que você sentiu foi imediata. Afinal, temos como nos salvar, basta seguir tais instruções.
Mas, e agora? O que fazer?
O quadro descrito acima é de extrema dramaticidade. Trata-se logicamente de uma situação hipotética, embora saibamos que situações da espécie já ocorreram, mas que precisou ser vislumbrada para que se possam fazer as seguintes perguntas: Você, que encontrou e compreendeu o que estava escrito na placa, faria o que? Subiria sozinho ao local indicado e obteria sozinho os itens necessários para a sua exclusiva salvação? Chamaria apenas sua família ou alguns amigos para compartilhar desse tesouro? Ou anunciaria a todos os que ainda estavam vivos naquele navio a sua descoberta, rumando com eles à sala segura?
Esta é a introdução – um pouco longa, mas necessária – para a nossa reflexão.
Creio ser consenso entre todos nós que vivemos num mundo caótico. Estamos todos – eu, você, nossos familiares, nossos amigos e vários desconhecidos – dentro desse mesmo navio que está se incendiando.
Aos poucos vemos vários conhecidos sendo consumidos por esse incêndio. Pessoas que são assassinadas, que adoecem para a morte, que se entregam para as drogas. Famílias que se desfazem, pais que abandonam os filhos e filhos que matam os pais. É o mesmo navio!
No meio disso tudo, alguns de nós encontram a placa, descobrem o caminho da salvação, encontram Jesus e conhecem o seu imensurável e poderoso amor, capaz de aliviar toda e qualquer carga, de libertar cada um de sua própria prisão, de restaurar relações desgastadas e de dar esperanças quanto a um futuro maravilhoso. E o que fazemos? O que devemos fazer?
O próprio Jesus nos responde quando diz “Ninguém, acendendo uma candeia, a cobre com algum vaso ou a põe debaixo da cama. Antes, coloca-a no velador, para que os que entram vejam a luz” (Lc 11. 33). Em palavras atuais, se faltar energia elétrica em nossa casa à noite, corremos em busca de uma vela, a acendemos e a colocamos num lugar em que essa luz possa beneficiar a todos. Ou alguém acende a vela e a coloca embaixo da cama?
Em suma, entendida a mensagem da placa de salvação o que Jesus nos diz é que devemos anunciá-la de modo a que chegue aos ouvidos de todos os que ainda estão vivos dentro do navio. A mensagem deve servir não apenas para nós, nossos amigos ou nossos familiares, mas para todos!
Alguns não ouvirão, ocupados que estão em correr desesperadamente rumo a algum lugar que não os salvará. Outros ouvirão e não acreditarão, preferindo seguir o caminho que ilusoriamente criaram para si. Mas haverá quem ouça, entenda e nos acompanhe. Haverá quem ouça e a repasse a outros, ajudando-os a chegar ao mesmo destino salvador.
Como não conhecemos o que se passa no íntimo de cada um, não nos cabe escolher a quem transmitir a mensagem. Devemos repassá-la a todos!
Após vencer a morte e resgatar com seu sangue as nossas almas, Jesus ordenou a seus discípulos: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16. 15). E essa foi a única tarefa dada por nosso Mestre, a de espalhar a notícia da salvação e de divulgar que o Reino de Deus já é chegado através do amor de Jesus Cristo.
Divulgar a todos, não nos cabendo julgar o passado e o presente de quem ouvirá a mensagem. Afinal, Ele não nos julgou quando por Amor desejou que O conhecêssemos.
Cabe a nós a tarefa do semeador (Mt 13), que espalha suas sementes lançando-as ao vento, por todo tipo de terreno. A frutificação será obra de Deus no coração do homem.
E essa tarefa nos é dada por amor de Deus a nós. Apenas por amor.
Notem que Deus não precisa de nós para isso. Tendo Ele poder sobre todas as coisas, seria fácil mostrar a cada um diretamente o caminho da salvação. Mas Ele nos quer nesse trabalho porque somente assim haverá espaço para Ele habitar dentro de nós e somente com Ele vivendo em nossos corações temos condições de experimentar esse amor criador, revelador, apaziguador.
E é assim, ao entregar a mensagem de salvação pelo mundo, que veremos as bençãos de Deus tanto nas vidas daqueles a quem atingimos quanto em nossas próprias vidas. Experimentaremos assim o milagre da transformação tal qual o primeiro efetuado por Jesus, que para que houvesse festa e alegria transformou a insípida água no melhor e mais saboroso dos vinhos (Jo 2).
O primeiro milagre foi escolhido a dedo, pois revela que esse é o primeiro passo: a presença de Cristo transforma e essa transformação gera uma alegria que não pode ser contida numa só pessoa, mas deve servir para a verdadeira festa de todos os que a presenciam.
Portanto, se você quer a verdadeira alegria, leve a mensagem. Espalhe-a pelo mundo, por onde você andar e para quem estiver em seu caminho, deixando que Deus se incumba de fazê-la frutificar. Se permita ver a ação de Deus.
Espalhe a mensagem quando você se sentir fraco, debilitado, a ponto de desistir, pois na sua fraqueza Deus o fortalecerá e com Ele agindo através de você a sua própria angústia deixará de existir e você verá a luz para o seu próprio problema.
Se não tiver forças para gritar, lendo para todos a mensagem da placa, e continuar andando pelo caminho certo, sussurre-a a quem estiver do seu lado naquele momento, pois talvez essa pessoa tenha o instrumento necessário para fazer com que outros ouçam o mesmo aviso e todos obtenham juntos a alegria da salvação, dando a você a força necessária para prosseguir na caminhada.
Se não souber falar, deixe Deus usar os dons que Ele mesmo lhe deu. Alguns cantam, alguns escrevem, outros dançam, uns pintam, uns falam, mas alguns simplesmente abraçam, permitindo que assim Deus os use para abençoar outras vidas e serem ao mesmo tempo abençoados.
Liberte-se, levando a mensagem. Alegre-se, levando a mensagem. Ganhe sua própria vida, levando a mensagem.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

ANTES DE PEDIR VEJA O PROPOSITO!

Pr. Daniel Marcio Ferreira Neves

Permite-nos que, na Tua glória, nos assentemos um à Tua direita e outro à Tua esquerda. (Mc 10:37)

Esse pedido de Tiago e João feito para Jesus, é digno de profunda análise!
Eles agem como homens naturais e não tem noção do que solicitam: estão preocupados em obter consideração especial e serem promovidos.
Eles não pedem para estar na glória com Jesus, mas querem um lugar especial na glória. Pedem para ter destaque sobre os salvos e não unicamente serem salvos, pois isso ainda é pouco para eles.
Jesus não os contrariou, mas afirmou: “Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu bebo ou receber o batismo com que eu sou batizado”? (Mc 10:38)
Eles responderam que poderiam sim, receber o mesmo batismo e tomar o cálice. Então, Jesus, conhecendo o coração humano e seus interesses, destaca as áreas que precisavam ser conhecidas e tratadas.
1º) Queriam obter vantagem sobre os demais!
-Jesus observa que o que fora pedido não é para o bem comum, mas sim de interesse pessoal; mostra que o interesse não era para ajudar o Mestre, mas sim para serem vistos, reconhecidos e destacados.
É lógico que o fato de sentarem ao lado de Cristo os faria serem considerados melhores e por isso os adverte: “quem quiser ser o primeiro entre vós, será servo de todos”. (Mc 10:44)
Jesus aqui, nessa hora, não dá chance aos espertinhos, mas sim aos quebrantados, arrependidos e gratos.

2º)Disseram que tomariam o seu cálice!
-Tiago e João não sabiam a extensão do ato de tomar o cálice! Não sabiam que tomar o cálice é crucificar o homem natural, não consentir que o pecado reine na sua vida e pedir que Deus assuma o comando do seu pensar e falar. Rom 6:12 diz: “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões”.
Jesus mostra que se o velho homem não morrer ele fica constantemente reivindicando direitos que não possui.

3º) Disseram que receberiam o seu batismo!
-Aqui Jesus fala dos sinais públicos e notórios da experiência pessoal, da transformação da essência, da lavagem do caráter e da mudança de pensamento, não dando lugar as paixões da carne, conforme o apóstolo Paulo explica em Ef 4:28 e 29: “Aquele que furtava não furte mais;..., não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e assim transmita graça aos que ouvem”. Paulo, nesse texto, procura esclarecer que a vida do discípulo de Jesus é diferente daquele que não foi transformado, suas prioridades e preocupações são outras, não vive mais regido por seu interesse pessoal e nem tão pouco pelas paixões da carne. Pelo contrário, procura fazer tudo para glória de Deus, edificando com o seu agir e falar.

Jesus é nosso exemplo maior! A sua obra redentora não foi para Ele, e sim para nós!


quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O AMOR DE DEUS

Marcelo Luís de Souza Ferreira


Acredito que muitos – senão todos – já devem ter-se perguntado em algum momento da vida: “Por que Deus criou o mundo?”.
Afinal, sendo Ele onipotente, qual a razão de criar não só o mundo, a natureza e os animais, mas também um ser tão complicado e falho como o ser humano?
A resposta para essa questão existencial, que parte da ciência tenta responder afirmando se tratar de obra do acaso (uma grande explosão e milhões de anos de evolução da poeira cósmica), parece ser mais simples do que imaginamos. Basta dar uma olhada inicialmente no livro de Gênesis e a resposta aparecerá: Deus criou o mundo por amor, simplesmente amor.
Havia - e há - em Deus um amor tão grande, mas tão grande, que por sua própria natureza não pode ser aprisionado, não pode ficar restrito.
Então, por esse Amor, Ele criou os céus e a terra, e através da sua Palavra – expressão máxima desse Amor – criou tudo o que era bom: a luz, a separação dos céus e da terra, o ajuntamento das águas, as árvores, os frutos, o dia, a noite, as estrelas, o sol, a lua, os répteis, as aves, os animais marinhos e toda sorte de ser vivente, numa harmonia tão perfeita que somente esse esplêndido Amor poderia criar.
Por Amor Deus criou o homem à sua imagem e semelhança e lhe deu uma ajudadora idônea, pois não era bom que o homem estivesse só (Gn 1. 18). E, mesmo sabendo o perigo que isso representaria, concedeu ao homem, por Amor, toda liberdade: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo animal que se move sobre a terra” (Gn 1. 28). Deus não fez o homem para aprisioná-lo, pois seu Amor liberta.
Por Amor, Deus colocou o homem num jardim onde nada lhe faltaria e nada lhe poderia aborrecer. Ali, concedeu ao homem o direito de se alimentar da árvore da vida, pela qual não haveria morte. Ou seja, o Amor de Deus dava desde aquele momento a vida eterna.
E por Amor também Deus não escondeu do homem a árvore do conhecimento do bem e do mal, pois o Amor é verdadeiro, mas advertiu que se o homem dela comesse certamente morreria.
No entanto, tentado a ser deus, o homem desobedeceu, como já sabia de antemão o Criador. Com isso, perdeu os privilégios que tinha no jardim, inclusive o de não morrer, passando a enfrentar a realidade daquilo que ele sempre foi: uma criatura frágil e falível.
Por Amor, no entanto, Deus já tinha o plano de perdão e salvação do homem, que a seu tempo foi executado. E essa salvação não poderia ocorrer de outra forma senão pelo mesmo Amor de Deus.
O evangelho de João começa esclarecendo que “no princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus; Ele estava no princípio com Deus; Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez”.
Assim se explica a vinda de Cristo Jesus ao mundo: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna” (Jo 3. 16).
Em outras palavras, o Amor de Deus, pelo que tudo se fez, encarnou-se na pessoa de Jesus Cristo e foi dado ao mundo para perdão e salvação do homem.
E esse Amor, chamado Jesus, fez o que somente ao verdadeiro amor era possível: se entregou plenamente, sob sacrifício da própria vida.
O Amor de Deus obedeceu fielmente ao Pai. Vencendo as tentações do mundo, foi ao encontro de todos os que dele necessitavam para aliviar seu sofrimento. Libertou pessoas. Curou. Não viu raça, sexo nem classe social. Não viu sequer o passado pecador das pessoas. Acolheu-as todas e deu a elas a Sua Paz, pois o Amor apazigua.
E mesmo traído, humilhado e ferido de morte esse Amor foi ao encontro daqueles a quem chamara e perdoou, oferecendo nova vida.
Para ter acesso a essa nova vida, Jesus ensinou com seu próprio exemplo de vida e com sua palavra: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14. 6).
Ninguém vai ao Pai senão pelo Amor do Pai, Jesus Cristo!
E é desse Amor que o apóstolo Paulo diz que devemos ser imitadores. É esse Amor que deve residir em nossos corações e dirigir nossas obras: o amor que se entrega, que liberta, que harmoniza, que traz paz, que se sacrifica, que perdoa e que cura.
Por isso o mesmo apóstolo ensina:
Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.” (1 Co 13:1-13)

terça-feira, 10 de setembro de 2013

O ENCONTRO COM DEUS

Rev. Jabis Ipólito de Campos Junior

Lições do encontro de Gideão com Deus

Texto básico: Livro dos Juízes, capítulo 6, versículos 11 a 24



    Numa cena do filme “Desafiando Gigantes”, um jovem jogador é desafiado a levar outro jogador, menor e mais leve, nas costas e de gatinhas, por algumas jardas do campo de futebol americano. No entanto, deveria fazê-lo de olhos vendados, segundo o técnico “para que não desistisse até certo ponto se poderia ir além.” Ao fazê-lo era motivado a fazer mais, a não ouvir as risadas, a não olhar para as dores e as barreiras e a não desistir até que pudesse dar o melhor de si.

      O impressionante resultado foi que aquele corajoso jogador levou em suas costas um jogador de 68 quilos de um lado ao outro do campo! Não olhou as adversidades e as distâncias, e, dando o seu melhor, alcançou mais do que se imaginava.


O texto bíblico mencionado acima, narra o chamado de um dos maiores juízes descritos pelo livro dos Juízes, conhecido como Gideão. Diz o texto que ele estava “malhando o trigo no lagar”.
Esta ação narra a situação difícil pela qual não somente Gideão, mas todo o povo passava. Situação de medo, escassez e sofrimento.
O lagar é uma espécie de tanque, à época feito numa pedra, no qual se espremiam as uvas e as azeitonas. Malhar o trigo num lugar pequeno como esse, demonstrava o receio de que os midianitas pudessem ver o que estava fazendo e levassem os mantimentos, já que o trigo devia ser malhado em lugar aberto e ventilado.
Os midianitas foram uma nação levantada por Deus e que, com Sua permissão, trouxeram castigo ao povo de Israel por terem se esquecido de Deus e buscado falsos deuses, adorando-os.
Enquanto Gideão malhava o trigo no lagar, aparece o Anjo do Senhor que o cumprimenta com uma expressão bem diferente daquela que se imaginava e daquilo que o próprio Gideão pensava de si mesmo: “O Senhor é contigo, homem valente”, disse o Anjo. Como poderia ser aquilo? Como estava acontecendo tudo aquilo com ele e com o povo se isso fosse verdade? Parece até cômico: como poderia ser valente aquele que estava escondido, com medo diante das adversidades?
Deste encontro de Gideão com Deus, aprendemos importantes lições também para nossa caminhada.
Aprendemos, em primeiro lugar que O ENCONTRO COM DEUS É DESAFIANTE (v. 11-15). Gideão estava ocupado, não estava à toa nem parado quando Deus vem ao seu encontro para chamá-lo ao trabalho. Eis uma lição importante para a vida na igreja: Deus chama pessoas ativas para trabalhar em sua obra. Mais do que isso, quando Deus se encontra com Gideão, o desafio é muito grande: vencer seus medos e a visão equivocada que tem de si e de Deus. Gideão duvida, se desculpa, se diz pequeno e fraco demais. E de fato o era! Mas é exatamente quando tem o sentimento de que as próprias forças não são suficientes, é nesse exato momento que Deus o enche com Seu poder, capacita e usa para seu trabalho. No encontro com Deus, somos sempre desafiados.
Em segundo lugar, aprendemos que O ENCONTRO COM DEUS É SAGRADO (v. 16-22). Ao perceber que o encontro era especial, Gideão pede para que o Anjo do Senhor aguardasse até que preparasse uma oferta. Sabia que aquele era um momento especial. O encontro com Deus é um momento ímpar, inigualável. Tendo oferecido o seu sacrifício, percebeu estar diante do próprio Deus e fica aterrorizado e amedrontado, acreditando que iria morrer por ter visto o Senhor. Mas ao invés de medo, o sentimento que devia permanecer no coração de Gideão era o de um encontro sagrado! Estar diante de Deus, é estar diante do sagrado. Qual deve ser nossa atitude diante do sagrado? É a atitude de consagração! Consagração e temor. É o que Gideão faz. Estar na presença de Deus requer de nós temor. Não é possível ficar do mesmo jeito diante do Eterno. Diante do sagrado, nos consagramos.
Por fim, aprendemos que O ENCONTRO COM DEUS É PACIFICADOR (v. 23-24). O sentimento de pavor e medo diante do sagrado, e o de medo e desesperança diante das situações adversas da vida, são transformados no encontro com Deus. Agora, Gideão é envolvido com a paz que há no encontro com Deus. A paz que envolve aquele que se encontra com Deus mantém-se apesar das circunstâncias. Reconhece que “O Senhor é paz” e erige ali um altar.
Em nossa vida e em nossa caminhada, não é muito diferente. São muitas as situações e angústias da vida que nos apertam e oprimem. Situações que nos fazem perguntar as razões. O nosso coração enche-se do sentimento de culpa. As palavras das pessoas nos entristecem cada vez mais. Nestes momentos, Deus vem ao nosso encontro e nos desafia! Neste encontro sagrado, pede a nós que andemos, que continuemos a caminhar, desafiando-nos. Encontro sagrado enche o coração de paz, pois é um encontro pacificador. Mesmo que a resposta de Deus não seja aquela que esperávamos, nosso coração é inundado de sua paz!
Em Cristo temos um encontro com Deus. Um encontro que nos desafia – diante dele não podemos permanecer inertes! Um encontro sagrado – que transforma e liberta. Um encontro pacificador – “Ele é a nossa paz”. Encontro em que sua graça que é abundante, que tira o medo e enche de coragem para enfrentar as situações da vida.
Que cada um de nós possa ter um encontro com Deus. E que nesse encontro, saiamos desafiados a dar o nosso melhor e ir além. Que reconheçamos esse encontro como sagrado – não é possível ser o mesmo diante de Deus – e não dá pra estar diante dele de qualquer jeito. Ele quer coração transformado, consagrado. E que este encontro encha o nosso coração de paz!

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

UM LUGAR

(Fotografia: Augusto Neto)

Há um lugar onde as feridas são tratadas.
Lá elas cicatrizam
e a dor deixa de existir.
Paisagens, umas mais belas que as outras,
se complementam
entre acordes nunca executados
uns mais lindos que os outros.
Parece que teremos novos nomes
- o que é bom, pois eu já me cansei do meu -
e há roupas novas também.
Ouvi dizer que quem tem sede beberá
e quem tem fome será saciado.
Há um lugar onde as feridas são tratadas...

Tenho andado por tantos lugares.
Sei que você também tem.
Olhares se cruzam.
Pés que se atropelam.
Mãos que tantas vezes se agridem.
E uma noite que parece não ter fim...
Mas há um lugar onde as feridas são tratadas.

Olhar para o céu me dá essa certeza.
Quando termina o dia
e as cores se misturam no horizonte
de uma forma que nem o mais famoso pintor ousaria imaginar.
Quando as nuvens parecem pinceladas
propositalmente ao léu...
eu tenho essa certeza.

Há um lugar
onde as feridas são tratadas.



Marcelo Luís de Souza Ferreira

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

CRISTO É O MEU PESO DA BALANÇA!

Pr. Daniel Marcio Ferreira Neves


Pesado foste na balança e achado em falta.”(Dn 5:27)







Todas as vezes que me deparo com essa verdade bíblica e observo a firmeza da precisão divina, entendo que o Deus Santo, Glorioso e Justo é o Soberano exclusivo da história. Ele, o Deus de Israel, mostrou a Belsazar(filho de Nabucodonosor) e seu reinado, que não aceita que o homem viva pelos seus próprios pensamentos e não reconheça a sua Majestade e Glória.
Quando Deus se utiliza da figura da balança para revelar a sua indignação para com o povo de Israel, Ele quer deixar claro que o juízo é propriedade exclusiva Sua, e que o homem precisa submeter-se integralmente ao seu projeto de redenção.
Hoje, quando a humanidade é regida por um “humanismo relativista” onde nada tem valor preciso, e onde até o próprio Deus e a sua palavra não são reconhecidos como absolutos, vemos a dificuldade que o homem tem de obedecer.
Agora surge a pergunta:”Qual a única forma de obter peso satisfatório na balança divina?”
Preciso entender três pontos:
1º) DEUS É ABSOLUTO, NÃO TRABALHA COM O RELATIVO - vemos que sua verdade é clara em Ez. 18:4 quando diz: “Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha: a alma que pecar essa morrerá”. A bíblia afirma então que o remédio para o pecado é a morte conforme Rm 6:23- “o salário do pecado é a morte.” Aqui não funciona a opinião ou sentimento pessoal. Esta é uma declaração do próprio Deus.
2º) ESSE DEUS ABSOLUTO, É AMOR E OFERECE A ÚNICA SAíDA AO HOMEM- lendo 2Tm 1:10 :“ É manifestada agora, pelo aparecimento de nosso salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade mediante o evangelho.” Vemos que aquele que está unido a Cristo na morte da Cruz, está justificado do pecado e consequentemente da condenação eterna. Logo, a nossa vitória sobre o pecado, sobre a carne e sobre o adversário não está no que fazemos ou deixamos de fazer, mas sim na obra redentora de Cristo, senão estaríamos perdidos eternamente. Diante desse fato posso afirmar: ”Eu sou Salvo da condenação por causa de Cristo.”
3º) ESSE PRINCÍPIO DIVINO É INEGOCIÁVEL- se tratarmos esse assunto apenas como doutrina, tornamo-lo inativo. Alguém pode afirmar que encontra na bíblia a palavra de Deus, mas se isso não trouxer vida INTENSA ele conhece a história mas não usufrui do fato. Tudo que Deus nos deu em Cristo é um presente e não devemos nos vislumbrar e ficar estáticos ou perplexos, mas devemos vivenciar,exultar e proclamar em todo tempo que na balança divina a minha vida ganhou peso, quando CRISTO subiu nela em meu lugar.