A Bíblia, em uma rápida passagem, nos conta a história
de um homem que ousou lutar por algo que para ele era muito
importante.
A história é bastante curta e pode até passar
despercebida em nossas leituras, já que é contada em apenas dois
versículos e sem muito destaque (2 Samuel 23. 11-12), o que nos
revela que Deus gosta de trabalhar nos detalhes e em silêncio, sem
muito alarde, de modo que apenas prestando atenção nos detalhes é
que conseguimos enxergar a Sua glória.
Nesses dois versículos é contada a história de Samá,
a quem a Bíblia destaca como um dos três principais guerreiros do
grande rei Davi.
Samá defendeu sozinho um campo de lentilhas do ataque
dos filisteus, enquanto todo o exército de Israel, que estava com
ele, tinha fugido de medo da multidão que vinha ao seu encontro. Ao
se ver sozinho, abandonado por todos os outros, Samá se colocou no
meio da plantação e decidiu enfrentar o inimigo, embora soubesse
das suas próprias limitações e tivesse ciência da dimensão do
exército adversário.
Mas sabe o que aconteceu nessa história? Samá derrotou
todo o exército inimigo e, contra todas as expectativas e
prognósticos, saiu vencedor dessa batalha. A Bíblia declara que “o
SENHOR concedeu-lhe uma grande vitória” e sua postura o colocou
como um dos três principais guerreiros de Davi.
Isso nos mostra que quando estamos dispostos a enfrentar
os ataques inimigos e as adversidades da vida Deus é conosco. Nos
mostra que quando aquilo por que lutamos vale a pena a nossa
disposição em lutar traz para o nosso lado da batalha o Senhor dos
Exércitos. E contra Ele não há exército inimigo que possa lutar!
No entanto, não temos visto com frequência as pessoas
topando o desafio de lutar pelas coisas que realmente importam. Não
temos visto muitos “Samás” nos dias atuais.
Normalmente, o tamanho do “exército inimigo”, das
adversidades, nos tem feito agir não como Samá, mas como o restante
do exército de Israel que estava ao seu lado... fugimos, abandonando
nosso campo de lentilhas para que outros dele aproveitem.
Temos deixado aquilo em que trabalhamos por longo tempo.
Abandonamos o campo que limpamos, adubamos, aramos, plantamos a
semente e regamos durante o crescimento. E isso justamente no momento
em que estamos prestes a colher os frutos de todo esse trabalho.
Largamos tudo com medo de lutar. Por medo do tamanho do
último obstáculo, lançado em nossa direção com a única
finalidade de não permitir que usufruamos do trabalho já executado.
Por achar, nessa hora, que será mais fácil fugir da batalha.
Não é isso o que temos feito com nossos sonhos, nossas
famílias, nossas esposas ou maridos, nossos filhos? Investimos tempo
e recursos em um relacionamento, planejamos nossos casamentos,
construímos uma casa... mas, no momento em que vamos transformar
essa casa em um lar e vamos usufruir dessa bênção, percebemos o
ataque inimigo, começamos a ser bombardeados por uma série de
coisas, o mundo todo parece agir contra aquele propósitos e nos
oferece alternativas e prazeres que numa primeira análise são mais
interessantes e fáceis. Então, nós sucumbimos, abrindo mão de
usufruir de um sonho que certamente se concretizaria pela ilusão de
uma situação mais cômoda.
O problema é que a fuga vai se tornando um
comportamento padrão. Não percebemos que as dificuldades sempre
surgirão e que para construir algo consistente e duradouro é
necessário investirmos todas as nossas forças, gastarmos tempo e
estarmos dispostos a enfrentar todas as adversidades. Assim, estamos
sempre fugindo da batalha e nunca conseguimos realizar plenamente
nossos sonhos, não conseguimos experimentar os frutos daquilo em que
trabalhamos.
Se há uma coisa que precisamos aprender com esse
pequeno texto bíblico é que não importa o tamanho do exército
inimigo. Não importa o tamanho do problema. Não importa o fato de a
adversidade ser muito maior que as nossas forças. Não importa o
quão pequeno você seja diante do seu adversário.
Quando, mesmo sozinhos, nos colocamos no meio do campo,
não nos escondemos do ataque e marcamos nossa posição de defesa no
meio da nossa plantação, dando a vida por ela, somos surpreendidos
com a ação do Senhor dos Exércitos e Ele nos concede a grande
vitória.
Qual tem sido o seu campo de lentilhas?
(fotografia: Augusto Araújo Neto)
(texto: Marcelo Luís de Souza Ferreira, com base na
pregação “Defenda sua família”, da pastora Sheila Vianna,
http://www.youtube.com/watch?v=Wqcl-rSRrOw)