segunda-feira, 16 de setembro de 2013

LEVE A MENSAGEM

Marcelo Luís de Souza Ferreira


Uma viagem pelo mundo num navio de cruzeiro. Que sonho!
Formamos um grupo de trinta pessoas amigas: alguns casais numa segunda lua-de mel, algumas famílias com crianças, algumas pessoas de mais idade, alguns solteiros.
Compramos a passagem por um peço muito baixo, uma pechincha, e com grande alegria nosso grupo embarcou naquele navio com outras cinco mil pessoas desconhecidas.
Algumas dessas outras pessoas eram bem divertidas, outras carrancudas e mal-humoradas. Havia algumas crianças bem chatas, pessoas muito chiques e gente muito simples também, que reuniu tudo o que tinha de recurso financeiro para realizar esse sonho.
Na acomodação, alguns ficaram instalados em suítes muito luxuosas, alguns em suítes básicas, mas todos estavam no mesmo navio.
Havia piscinas, shows, atividades em grupo. É certo que nem todos participavam da viagem com o mesmo entusiasmo. Houve quem aproveitava de tudo, mas houve também quem passou a viagem inteira com enjoos, se arrependendo do dia em que decidiram entrar nessa aventura – muitos não por vontade própria, esclareça-se.
Até fizemos algumas amizades fora do nosso grupo, mas a verdade é que ainda estávamos entre cinco mil desconhecidos no meio da viagem. Afinal, havia tanto por aproveitar dentro do navio e tanta paisagem linda para ver que o tempo realmente era muito curto.
Então, surgiu um grande problema.
Era noite e enquanto alguns aproveitavam a apresentação de um grupo de danças típicas no salão principal iniciou-se um incêndio de grandes proporções no porão do navio, que se alastrou rapidamente ao atingir determinado material de alta combustão.
O fogo passa a consumir tudo o que vê pela frente. Estamos diante do inevitável: o navio não resistirá e em poucas horas terá naufragado.
O aviso chega aos passageiros, que se desesperam. Gritam, correm, pulam uns sobre os outros, empurram-se mutuamente na tentativa de subir ao convés, ainda que saibam que mesmo lá serão atingidos.
E o fogo segue consumindo tanto as dependências do navio quanto alguns incautos que correram em sua direção ao invés de fugir.
Nesse cenário, você, que faz parte desse nosso grupo de amigos, descobre uma placa indicando que em um lugar seguro do navio estão guardados coletes e botes salva-vidas suficientes para todos os que ainda não foram consumidos.
Parece loucura, mas no desespero e na correria ninguém havia parado para ler as instruções dessa placa, que a todo tempo estava ali e por algum motivo chamou a sua atenção naquele exato momento.
Ao ler essa placa, a sensação de alívio que você sentiu foi imediata. Afinal, temos como nos salvar, basta seguir tais instruções.
Mas, e agora? O que fazer?
O quadro descrito acima é de extrema dramaticidade. Trata-se logicamente de uma situação hipotética, embora saibamos que situações da espécie já ocorreram, mas que precisou ser vislumbrada para que se possam fazer as seguintes perguntas: Você, que encontrou e compreendeu o que estava escrito na placa, faria o que? Subiria sozinho ao local indicado e obteria sozinho os itens necessários para a sua exclusiva salvação? Chamaria apenas sua família ou alguns amigos para compartilhar desse tesouro? Ou anunciaria a todos os que ainda estavam vivos naquele navio a sua descoberta, rumando com eles à sala segura?
Esta é a introdução – um pouco longa, mas necessária – para a nossa reflexão.
Creio ser consenso entre todos nós que vivemos num mundo caótico. Estamos todos – eu, você, nossos familiares, nossos amigos e vários desconhecidos – dentro desse mesmo navio que está se incendiando.
Aos poucos vemos vários conhecidos sendo consumidos por esse incêndio. Pessoas que são assassinadas, que adoecem para a morte, que se entregam para as drogas. Famílias que se desfazem, pais que abandonam os filhos e filhos que matam os pais. É o mesmo navio!
No meio disso tudo, alguns de nós encontram a placa, descobrem o caminho da salvação, encontram Jesus e conhecem o seu imensurável e poderoso amor, capaz de aliviar toda e qualquer carga, de libertar cada um de sua própria prisão, de restaurar relações desgastadas e de dar esperanças quanto a um futuro maravilhoso. E o que fazemos? O que devemos fazer?
O próprio Jesus nos responde quando diz “Ninguém, acendendo uma candeia, a cobre com algum vaso ou a põe debaixo da cama. Antes, coloca-a no velador, para que os que entram vejam a luz” (Lc 11. 33). Em palavras atuais, se faltar energia elétrica em nossa casa à noite, corremos em busca de uma vela, a acendemos e a colocamos num lugar em que essa luz possa beneficiar a todos. Ou alguém acende a vela e a coloca embaixo da cama?
Em suma, entendida a mensagem da placa de salvação o que Jesus nos diz é que devemos anunciá-la de modo a que chegue aos ouvidos de todos os que ainda estão vivos dentro do navio. A mensagem deve servir não apenas para nós, nossos amigos ou nossos familiares, mas para todos!
Alguns não ouvirão, ocupados que estão em correr desesperadamente rumo a algum lugar que não os salvará. Outros ouvirão e não acreditarão, preferindo seguir o caminho que ilusoriamente criaram para si. Mas haverá quem ouça, entenda e nos acompanhe. Haverá quem ouça e a repasse a outros, ajudando-os a chegar ao mesmo destino salvador.
Como não conhecemos o que se passa no íntimo de cada um, não nos cabe escolher a quem transmitir a mensagem. Devemos repassá-la a todos!
Após vencer a morte e resgatar com seu sangue as nossas almas, Jesus ordenou a seus discípulos: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16. 15). E essa foi a única tarefa dada por nosso Mestre, a de espalhar a notícia da salvação e de divulgar que o Reino de Deus já é chegado através do amor de Jesus Cristo.
Divulgar a todos, não nos cabendo julgar o passado e o presente de quem ouvirá a mensagem. Afinal, Ele não nos julgou quando por Amor desejou que O conhecêssemos.
Cabe a nós a tarefa do semeador (Mt 13), que espalha suas sementes lançando-as ao vento, por todo tipo de terreno. A frutificação será obra de Deus no coração do homem.
E essa tarefa nos é dada por amor de Deus a nós. Apenas por amor.
Notem que Deus não precisa de nós para isso. Tendo Ele poder sobre todas as coisas, seria fácil mostrar a cada um diretamente o caminho da salvação. Mas Ele nos quer nesse trabalho porque somente assim haverá espaço para Ele habitar dentro de nós e somente com Ele vivendo em nossos corações temos condições de experimentar esse amor criador, revelador, apaziguador.
E é assim, ao entregar a mensagem de salvação pelo mundo, que veremos as bençãos de Deus tanto nas vidas daqueles a quem atingimos quanto em nossas próprias vidas. Experimentaremos assim o milagre da transformação tal qual o primeiro efetuado por Jesus, que para que houvesse festa e alegria transformou a insípida água no melhor e mais saboroso dos vinhos (Jo 2).
O primeiro milagre foi escolhido a dedo, pois revela que esse é o primeiro passo: a presença de Cristo transforma e essa transformação gera uma alegria que não pode ser contida numa só pessoa, mas deve servir para a verdadeira festa de todos os que a presenciam.
Portanto, se você quer a verdadeira alegria, leve a mensagem. Espalhe-a pelo mundo, por onde você andar e para quem estiver em seu caminho, deixando que Deus se incumba de fazê-la frutificar. Se permita ver a ação de Deus.
Espalhe a mensagem quando você se sentir fraco, debilitado, a ponto de desistir, pois na sua fraqueza Deus o fortalecerá e com Ele agindo através de você a sua própria angústia deixará de existir e você verá a luz para o seu próprio problema.
Se não tiver forças para gritar, lendo para todos a mensagem da placa, e continuar andando pelo caminho certo, sussurre-a a quem estiver do seu lado naquele momento, pois talvez essa pessoa tenha o instrumento necessário para fazer com que outros ouçam o mesmo aviso e todos obtenham juntos a alegria da salvação, dando a você a força necessária para prosseguir na caminhada.
Se não souber falar, deixe Deus usar os dons que Ele mesmo lhe deu. Alguns cantam, alguns escrevem, outros dançam, uns pintam, uns falam, mas alguns simplesmente abraçam, permitindo que assim Deus os use para abençoar outras vidas e serem ao mesmo tempo abençoados.
Liberte-se, levando a mensagem. Alegre-se, levando a mensagem. Ganhe sua própria vida, levando a mensagem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário