quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O AMOR DE DEUS

Marcelo Luís de Souza Ferreira


Acredito que muitos – senão todos – já devem ter-se perguntado em algum momento da vida: “Por que Deus criou o mundo?”.
Afinal, sendo Ele onipotente, qual a razão de criar não só o mundo, a natureza e os animais, mas também um ser tão complicado e falho como o ser humano?
A resposta para essa questão existencial, que parte da ciência tenta responder afirmando se tratar de obra do acaso (uma grande explosão e milhões de anos de evolução da poeira cósmica), parece ser mais simples do que imaginamos. Basta dar uma olhada inicialmente no livro de Gênesis e a resposta aparecerá: Deus criou o mundo por amor, simplesmente amor.
Havia - e há - em Deus um amor tão grande, mas tão grande, que por sua própria natureza não pode ser aprisionado, não pode ficar restrito.
Então, por esse Amor, Ele criou os céus e a terra, e através da sua Palavra – expressão máxima desse Amor – criou tudo o que era bom: a luz, a separação dos céus e da terra, o ajuntamento das águas, as árvores, os frutos, o dia, a noite, as estrelas, o sol, a lua, os répteis, as aves, os animais marinhos e toda sorte de ser vivente, numa harmonia tão perfeita que somente esse esplêndido Amor poderia criar.
Por Amor Deus criou o homem à sua imagem e semelhança e lhe deu uma ajudadora idônea, pois não era bom que o homem estivesse só (Gn 1. 18). E, mesmo sabendo o perigo que isso representaria, concedeu ao homem, por Amor, toda liberdade: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo animal que se move sobre a terra” (Gn 1. 28). Deus não fez o homem para aprisioná-lo, pois seu Amor liberta.
Por Amor, Deus colocou o homem num jardim onde nada lhe faltaria e nada lhe poderia aborrecer. Ali, concedeu ao homem o direito de se alimentar da árvore da vida, pela qual não haveria morte. Ou seja, o Amor de Deus dava desde aquele momento a vida eterna.
E por Amor também Deus não escondeu do homem a árvore do conhecimento do bem e do mal, pois o Amor é verdadeiro, mas advertiu que se o homem dela comesse certamente morreria.
No entanto, tentado a ser deus, o homem desobedeceu, como já sabia de antemão o Criador. Com isso, perdeu os privilégios que tinha no jardim, inclusive o de não morrer, passando a enfrentar a realidade daquilo que ele sempre foi: uma criatura frágil e falível.
Por Amor, no entanto, Deus já tinha o plano de perdão e salvação do homem, que a seu tempo foi executado. E essa salvação não poderia ocorrer de outra forma senão pelo mesmo Amor de Deus.
O evangelho de João começa esclarecendo que “no princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus; Ele estava no princípio com Deus; Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez”.
Assim se explica a vinda de Cristo Jesus ao mundo: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna” (Jo 3. 16).
Em outras palavras, o Amor de Deus, pelo que tudo se fez, encarnou-se na pessoa de Jesus Cristo e foi dado ao mundo para perdão e salvação do homem.
E esse Amor, chamado Jesus, fez o que somente ao verdadeiro amor era possível: se entregou plenamente, sob sacrifício da própria vida.
O Amor de Deus obedeceu fielmente ao Pai. Vencendo as tentações do mundo, foi ao encontro de todos os que dele necessitavam para aliviar seu sofrimento. Libertou pessoas. Curou. Não viu raça, sexo nem classe social. Não viu sequer o passado pecador das pessoas. Acolheu-as todas e deu a elas a Sua Paz, pois o Amor apazigua.
E mesmo traído, humilhado e ferido de morte esse Amor foi ao encontro daqueles a quem chamara e perdoou, oferecendo nova vida.
Para ter acesso a essa nova vida, Jesus ensinou com seu próprio exemplo de vida e com sua palavra: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14. 6).
Ninguém vai ao Pai senão pelo Amor do Pai, Jesus Cristo!
E é desse Amor que o apóstolo Paulo diz que devemos ser imitadores. É esse Amor que deve residir em nossos corações e dirigir nossas obras: o amor que se entrega, que liberta, que harmoniza, que traz paz, que se sacrifica, que perdoa e que cura.
Por isso o mesmo apóstolo ensina:
Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.” (1 Co 13:1-13)

Um comentário:

  1. Parabéns, Marcelão!.O amor liberta, modifica, ilumina, traz sentido à vida. Quando esse amor é o de Deus, maior sentido nos traz, ele é presente, participativo e motivador. No meu caso, Deus esperou me dar um novo sentido quando meus filhos foram me dados, o que deu novo sentido à minha existência.
    Escrever é ser presente e necessário, quando os outros estão precisando, sempre no oculto!.
    Alexsandro Marins Moraes

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