segunda-feira, 24 de março de 2014

LEVANDO O LIXO PRA FORA.


Preciso confessar algo.
Das tarefas domésticas sempre me incomodou ter de juntar todo o lixo da casa, ensacá-lo e colocá-lo para fora.
Durante muito tempo contamos com alguém para a execução do serviço doméstico aqui em casa, mas depois que passamos a distribuir tais tarefas entre nós mesmos percebi que essa em especial foi “deixada” para mim.
Isso no início me intrigava e irritava. Afinal, qualquer pessoa poderia colocar o lixo no saco e levá-lo para fora de casa. Por outro lado, juntar todo o lixo produzido numa casa grande não é tarefa das mais agradáveis.
Mas como ao acordar eu me deparava com o lixo “olhando” para mim e “esperando” ser retirado eu, mesmo a contragosto, fazia o que tinha de ser feito.
É curioso, mas foi executando essa tarefa dia a dia que eu percebi que havia algo ali que Deus estava tentando me ensinar.
Foi reunindo o lixo diariamente, isolando-o em sacos e colocando-o para fora de casa a fim de que fosse recolhido e devidamente destruído que eu pude perceber que a casa ficava mais limpa, o aroma dos ambientes de onde o lixo era retirado mudava, tornando-se aprazível, e minha família ficava livre dos agentes externos que poderiam lhe trazer doenças.
Pode parecer estranho pensar em Deus nessa atividade, mas foi ali que eu pude perceber que há tarefas que o Pai confere especialmente a você, contando que você se disponha a executar para que ele possa então fazer a Sua obra. Há responsabilidades próprias de um marido, de um pai, de um filho, assim como há responsabilidades próprias de uma esposa, de uma mãe e de uma filha, todas atribuídas por Deus.
Quanto a ser marido e pai, levar diariamente o lixo para fora me fez lembrar que Deus, ao colocar o homem no jardim que seria sua casa, atribuiu a ele, especificamente ao homem, a tarefa de cuidar desse jardim (Gênesis 2: 15).
A mulher, ao ser criada, recebeu a incumbência de auxiliar o homem, sendo sua “ajudadora idônea” (Gênesis 2:20). E como eu gosto desse termo! A mulher não foi criada para ser escrava do homem, mas também não foi criada para comandá-lo ou para que cada um (homem e mulher) tivessem vidas e projetos separados. Ela foi criada para estar “ao lado” dele, aconselhando-o nas tomadas de decisões para a vida do casal e auxiliando-o na execução dessas decisões.
Contudo, mesmo com essa ajudadora, a responsabilidade de cuidar da casa continuou sendo atribuída ao homem e a história da queda do ser humano nos revela que essa responsabilidade lhe foi cobrada, independente do que foi praticado pela própria mulher ou do que foi trazido ao jardim pela serpente. O “lixo” era de responsabilidade de Adão e esse lixo não foi jogado fora como deveria.
Se eu, como marido e pai, não me desencumbir dessa mesma tarefa o lixo contaminará a minha casa, produzirá doenças em minha esposa e em meus filhos. O resultado disso pode ser catastrófico, fatal e eu certamente serei cobrado pela minha omissão.
O que ocorre com o corpo físico, que adoece e pode morrer em contato constante com o lixo, também ocorre com a nossa alma. O que vemos, o que ouvimos, o que sentimos, como nos tratamos... tudo isso pode de alguma forma fazê-la adoecer e matá-la de vez. E é interessante como as pessoas estão adoecidas de alma nesses nossos tempos atuais por conta do excesso de lixo dentro de casa.
Quantos casamentos não estão sendo arruinados em função da falta de trato no falar entre o casal? Quantos filhos não estão sofrendo pela ausência de harmonia e amor no lar? Quantas atrocidades não estão sendo cometidas em decorrência do consumo de material intelectual violento? Quantos males a banalização do sexo e a sensualização precoce não tem causado?
Deus me fez pensar nisso. Me fez pensar que a posição de cabeça do lar (Efésios 5: 23) é, antes de tudo, uma grande responsabilidade: a responsabilidade de amar a esposa e os filhos a ponto de entregar a própria vida por eles, de purificá-los e santificá-los, como Cristo fez com sua igreja (Efésios 5: 25-28).
Me fez pensar que a responsabilidade de jogar todo o lixo para fora de casa, por mais desagradável que possa parecer, é e sempre será minha. E eu serei cobrado se não o fizer.
Pense nisso!
Eu preciso correr agora. Afinal, logo mais o caminhão passará para recolher todo o lixo do bairro.


Marcelo Luís de Souza Ferreira

3 comentários:

  1. Amado irmão Marcelo,
    É maravilhoso contemplar Deus no cotidiano do dia a dia ... texto lindo, edificante ... Glória a Deus!!!!
    Grande abraço,
    Francisco Milton

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  2. Precisamos retirar o lixo do nosso coração diariamente.

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  3. Amigo Marcelo, parabéns pela reflexão. que comparação maravilhosa. o controle dos sentimentos no lar e fora dele é a chave para o caminho da felicidade e o bem estar do nosso lar. O amor a Deus e ao nosso próximo faz eliminarmos de sentimentos ruins.

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