sexta-feira, 1 de agosto de 2014

SUAS LÁGRIMAS, ANA.



Está tudo bem, Ana?
Não. Eu sei que não está.
Você andou chorando... escondida, à noite, quando todos estavam deitados, quando os outros já não tinham mais condições de notar o seu choro.
Você reviu sua vida e sentiu novamente o vazio.
Você chorou, Ana.
Talvez nem lágrimas tenham descido dos seus olhos. Talvez um choro seco, engolido.
Talvez sua boca não tenha sido sequer capaz de trazer aos ouvidos desatentos o som da sua angústia. Um choro por dentro, amargo, amarrado.
Aos olhos alheios pode parecer que tudo vai bem. Afinal, você se esforça muitas vezes para sorrir e todos vêem o seu sorriso. O que ninguém vê é o seu pranto de dor.
E dói. Eu sei que dói. E já faz tempo que dói.
Você fez tudo o que podia, não é mesmo? Você tentou. Usou de todas as forças para reverter essa situação, para desfazer esse quadro... mas a pintura feia continua exposta na tela que só você consegue ver.
Então, você pensou: - Como olharei para frente? Como seguirei adiante? Já não há mais tanto tempo pra mim.
O silêncio ao seu redor intensificava sua dor, não é Ana? E o seu peito parecia não ter como conter tanta decepção e sofrimento.
Você se entregou, Ana. Você finalmente se entregou...
Mas, sabe de algo? Talvez essa entrega era o que faltava. Talvez o fato de você não ter mais forças para lutar por si mesma, para enfrentar a batalha de dentro da fortaleza que você criou, era o que estava faltando.
Deixar que esse choro pudesse ser finalmente sentido, como um pedido de ajuda, e se desarmar completamente... talvez fosse isso.
Ei, minha querida, suas lágrimas foram colhidas e contadas, uma a uma. Você não foi esquecida.
Você pode pensar que seu choro não foi ouvido, já que ninguém estava por perto. Você pode acreditar que seu desabafo tenha se perdido no ar, como aquele suspiro que deu.
Mas não. Você foi ouvida.
Pode mudar seu semblante, sorrir novamente. Pode lavar o rosto e comemorar, pois o Senhor, teu Deus, se agradou de você.
Pode voltar à sua casa, ao seu lar, pois será lá que a sua vida verdadeiramente se iniciará daqui por diante. Vá em paz!

Assim, a mulher se foi seu caminho, e comeu, e o seu semblante já não era triste.” (1 Samuel 1:18)

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